O 19º Concurso Nacional de Poesia Augusto dos Anjos acontece na cidade de Leopoldina - MG, cidade do meu pai, onde o autor morreu... Me falaram que era tarde demais para eu divulgá-lo, mas aí vai:
Hoje fui inventar de escrever numa sala de espera, acho que é um bom lugar para se escrever... mas ao contrário de todas as vezes que escrevi em salas de espera não fiz quase nada, foi até difícil sair alguma coisa, porém o estranho é que tinha alguma coisa para sair... Aí eu lembrei de uma poesia do Drummond ... É quase isso.
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia desse momento
inunda minha vida inteira.
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia desse momento
inunda minha vida inteira.
9:15 PM
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Essa semana tivemos SEMACC de Letras na FESB... Meio atrapalhada, por causa do feriado que nos tomou dois dias de atividades. Tivemos excelentes palestras, mas não dá pra narrar tudo aqui, na quarta feira o Professor Marco Aqueiva levou um grupo de poetas intitulado Poenocine (acho que eram cinco...) para apresentarem suas poesias... Dei um lida (não em tudo) e escolhi alguns para postar aqui, não vai dar pra postar tudo de uma vez, mas com o tempo eu vou colocando mais, por enquanto apresento só um:
Mirante dos Sonhos
Ariane Alves dos Santos
Olhos alados na curva do tempo
Absorto na fechadura das parábolas
arrasto o pendúculo da memória.
Pelos declives de ipês pranteados
Dedos de lâminas trançadas
Acariciam a aurora
Nasce o susto.
Expira
Fragmentos de mica
Constroem o céu
Inspira
O halo embarado pousa na pele
Descanso com os pés imersos na vida.
Pelos declives de ipês pranteados
Dedos de lâminas trançadas
Acariciam a aurora
Nasce o susto.
Expira
Fragmentos de mica
Constroem o céu
Inspira
O halo embarado pousa na pele
Descanso com os pés imersos na vida.
4:34 PM
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Rua das Rimas
Guilherme de Almeida
A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequeninoé uma rua de poeta, reta, quieta, discreta,
direita, estreita, bem feita, perfeita,
com pregões matinais de jornais, aventais nos portais, animais e varais nos quintais;
e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas,
douradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas;
e um passo, de espaço a espaço, no mormaço de aço baço e lasso;
e algum piano provinciano, quotidiano, desumano,
mas brando e brando, soltando, de vez em quando,
na luz rara de opala de uma sala uma escala clara que embala;
e, no ar de uma tarde que arde, o alarde das crianças do arrabalde;
e de noite, no ócio capadócio,
junto aos lampiões espiões, os bordões dos violões;
e a serenata ao luar de prata (Mulata ingrata que mata...);
e depois o silêncio, o denso, o intenso, o imenso silêncio...
A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua qualquer onde desfolha um malmequer uma mulher que bem me quer
é uma rua, como todas as ruas, com suas duas calças nuas,
correndo paralelamente, como a sorte diferente de toda gente, para a frente,
para o infinito; mas uma rua que tem escrito um nome bonito, bendito, que sempre repito
e que rima com mocidade, liberdade, tranqüilidade: RUA DA FELICIDADE...
10:30 AM
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Ao Luar
Augusto dos Anjos
Quando, à noite, o Infinito se levanta
A luz do luar, pelos caminhos quedos
Minha tactil intensidade é tanta
Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!
Quebro a custódia dos sentidos tredos
E a minha mão, dona, por fim, de quanta
Grandeza o Orbe estrangula em seus segredos,
Todas as coisas íntimas suplanta!
Penetro, agarro, ausculto, apreendo, invado,
Nos paroxismos da hiperestesia,
O Infinitésimo e o Indeterminado...
Transponho ousadamente o átomo rude
E, transmudado em rutilância fria,
Encho o Espaço com a minha plenitude!
6:30 PM
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10:03 AM
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